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4 parrillas para conhecer em Buenos Aires

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Sim, acabei de voltar de Buenos Aires. Era uma pendência antiga de viagem que eu tinha, pois mesmo já tendo visitado mais de 20 países, nunca havia pisado nas terras dos hermanos, tão amadas e festejadas pelos brasileiros.

Se você já foi pra Buenos Aires, deve ter as suas conclusões. A maioria das pessoas que eu conheço ama a cidade. Mas a verdade é que pelo o que eu vivi lá e pelo o que eu tenho lido, muita coisa mudou nos últimos anos, inclusive a experiência do viajante. A economia vai mal das pernas (mal mesmo, bem pior do que a crise vivida no Brasil), os preços subiram muito e o número de turistas caiu. Mas mesmo assim, continua sendo interessante visitar Buenos Aires.

Depois de ler muito sobre a cidade, algumas conclusões que eu tirei e acho que todos devem saber:

1. A cidade está caríssima. Se você já esteve lá em anos anteriores e está baseando-se na mesma quantidade de dinheiro para levar, leve o dobro. (Para se ter uma ideia, eu quis comprar um picolé uma noite – desses normais, tipo Kibon, de chocolate, e o mesmo custava o equivalente a R$ 12.)
2. Ainda é bem mais seguro que qualquer cidade brasileira. Não me senti ameaçada em nenhum bairro, é preciso apenas tomar os cuidados que se toma em qualquer viagem.
3. Não vale a pena comprar quase nada, exceto vinhos. Mesmo o preço de itens básicos, como alfajores e doces de leite não me pareceram muito vantajosos.
4. Troque o dinheiro lá, no câmbio paralelo. A cotação oficial é “absurda”.
5. O reembolso de taxas para turistas funciona, é simples de fazer e retorna um valor considerável.
6. Os portenhos são mais legais e educados do que sempre me disseram.
7. Pegue o transporte público. Ele é feio e sujo, mas funciona e custa barato.
8. Em todas as parrillas, peça uma carne para duas pessoas. Elas são enormes e sempre satisfazem dois. E fique tranquilo, ninguém vai achar ruim, mesmo nas parrillas mais caras, isso é comum.
9. Nem pense em viajar somente com o cartão de crédito. Além de pagar as piores taxas AND o IOF, muitos lugares só aceitam dinheiro.
10. Se não quiser pegar fila nos restaurantes e nem reservar, chegue cedo. Os argentinos comem tarde e antes das 21h, os restaurantes costumam estar bem vazios.

Isto posto, vamos ao que interessa.
É claro que eu queria conhecer a cidade, passear pelas suas ruas “europeias” e conhecer os principais pontos turísticos. Mas o que realmente me interessava (assim como em todas as viagens que faço) era a comida. Queria comer a famosa carne argentina, provar as parrillas.
E a verdade é que eu gostei das carnes, comi bem, achei gostoso, mas nada de outro mundo, sabe? Gostei muito mais da carne servida no Uruguai e acho que realmente a boa carne daqui não fica devendo nada pra de lá.
(Mas há quem diga que o padrão caiu muito – ouvi de pessoas que já foram para lá outras vezes que as carnes eram melhores…)

Outra coisa que achei é que tudo em Buenos Aires vem sem sal: as carnes, os acompanhamentos, tudo. Diferente, você vai precisar botar sal em tudo!

Mas tiveram lugares que eu fui e gostei e fica a dica aqui pra vocês. Está em ordem de preferência – ou seja – do que eu mais gostei para o que menos curti.

1) Estilo Campo
Estilo Campo - Magali Viajante
Essa parrilla chique fique em Puerto Madero, bairro que os brasileiros adoram e que eu gostei também. Foi indicação de um amigo brasileiro (valeu, Fabinho!).
Ela fica fora do burburinho da Ponte da Mulher e de todos os restaurantes de lá, ao lado do Siga la Vaca (que os brasileiros adoram, mas eu não posso opinar, porque não fui).
Estilo Campo - Fachada - Magali ViajanteTem ambiente mais arrumado que a maioria das parrillas e lembra um pouco algumas churrascarias daqui. Se tiver sorte, peça uma mesa na varanda, com vista para o Porto. Eu sentei do lado de dentro mesmo e a experiência foi ótima!

- O ambiente e a minha cara de cansada -

– O ambiente e a minha cara de cansada –

O atendimento é solícito, simpático e rápido.

Apesar de ser mais classudo, arrumado, oferece uma carta de vinhos com bons rótulos e preços adequados. Vale a pena pedir um vinho aqui para deixar a experiência completa.

Serve cubierto (o nosso famoso couvert), e cobra por isso, assim como a maioria dos restaurantes portenhos. Pães gostosos, quentinhos e patê.

De entrada, pedimos uma Morcilla, que eu não gosto, mas o Thi disse que estava uma das melhores que ele já provou!

De carne, fomos de Vacio al Asador, um corte parecido a nossa fraldinha. Portanto, não comemos a carne da parrilla, da churrasqueira, e sim do asador, que é um tipo de fogo de chão.

- A parrilla e o asador do Estilo Campo -

– A parrilla e o asador do Estilo Campo –

Foi a melhor carne que comemos em Buenos Aires. Macia, suculenta, saborosa, no ponto certo. Fabinho arrasou na dica!

- Maravilhosa -

– Maravilhosa –

De acompanhamento, pedimos morrón (pimentão vermelho assado) e batatas fritas (não se confunda – se quiser batata frita, peça papas fritas. Batatas fritas são batatas doce). Acompanhamento simples e gostoso.

- Vacio al asador, batatas fritas e morrón -

– Vacio al asador, batatas fritas e morrón –

Só a sobremesa que achamos bem sem graça. Fomos de Volcán de Dulce de Leche con Helado de Creme Vainilla, que era um bolinho tipo petit gâteau de doce de leite com sorvete de baunilha. Gostosinho, mas passe. Ou peça outra sobremesa.

- Volcán de dulce de leche: um petit gateau sem graça -

– Volcán de dulce de leche: um petit gateau sem graça –

Quanto custa: De fato, o Estilo Campo não é um restaurante barato. Gastamos cerca de 800 pesos (R$ 210 no câmbio blue, a R$ 3,8) com água, uma garrafa de vinho, couvert para dois, uma entrada, uma carne, dois acompanhamentos e uma sobremesa). Não é barato, mas ficamos com a impressão que gastaríamos mais para comer o equivalente aqui em SP. Valeu a pena!

Para quem é: Pra quem busca uma experiência mais refinada em Buenos Aires, sem ser um ambiente muito formal. Ideal para quem está comemorando algo.
Não vá se: Não estiver a fim de gastar muito.

O que mais gostei de lá: A carne. A melhor que comi em Buenos Aires.
O que não gostei muito: A sobremesa.

Estilo Campo (http://www.estilo-campo.com.ar/)
Alicia Moreau de Justo, 1840 – Puerto Madero – Buenos Aires – +54 (011) 4312-4546
Segunda a domingo, das 12h às 16h e das 20h à 0h.

2. Desnível
El Desnível - Magali Viajante

No agradável bairro de San Telmo, essa parrilla é bem simples e recebe argentinos e turistas. Pelo o que eu tinha lido antes, na Internet, achava que o lugar era muito mais feio e sujo do que realmente era.

- Dá água na boca, não? -

– Dá água na boca, não? –

Ambiente bem simples, bagunçado, velho e barulhento, mas que não chega a incomodar. O atendimento, contrariando todas as expectativas, foi simpático (tendo a achar que o atendimento é ruim quando o turista acha que o garçom ou qualquer pessoa no lugar tem o dever de falar e entender bem a língua deles).

- Ambiente simples, mas ok -

– Ambiente simples, mas ok –

Nada nos agradou na carta de vinhos, então fomos de cerveja mesmo. Quilmes de litro (uma vez na Argentina, prove a cerveja local).

- Quilmes pra matar a sede -

– Quilmes pra matar a sede –

Cobra couvert e serve uns pãezinhos fuleros, mas descobri que este é meio que o padrão nas parrillas simples.

De entrada, Provoleta, que é um queijo provolone menos defumado que o nosso, na parrilla, com orégano. Beeeem gostoso, mas tem que comer rápido, antes de esfriar, senão vira um tijolão.

- Tava boua -

– Tava boua –

Pedimos um Bife de Chorizo, para ‘compartir’, morrón assado e batatas fritas. Carne estava deliciosa, suculenta, no ponto certo; morrones bons e batatas fritas simples, não muito crocantes, daquelas feitas em casa.

- Morrón -

– Morrón –

El Desnível - Chorizo e Papas Fritas - Magali Viajante

- Baba, baby, baby, baba -

– Baba, baby, baby, baba –

Não pedimos sobremesa, não achamos que seria bom.

Quanto custa: 385 pesos (R$ 101, no câmbio blue a R$ 3,8) com uma cerveja grande, dois cubiertos, carne e dois acompanhamentos. De novo, pela experiência que o lugar oferece, não é barato, mas valeu a pena!

Para quem é: Pra quem se interessa pela comida e por um ambiente bem típico e não se importa em comer em um lugar não muito limpo, não muito organizado. Pra ir no almoço, comer e ir embora, sem nenhuma expectativa de grandes experiências.
Não vá se: Quiser uma experiência mais fancy.

O que mais gostei de lá: A carne e a provoleta.
O que não gostei muito: Cubiertos.
Dica que vale ouro: O restaurante já foi descoberto pelos turistas, mas os argentinos continuam indo lá para uma coisa: pegar um choripan. Não deu tempo de fazer isso, mas me pareceu uma ótima ideia. Eles entram, param na frente da parrilla, pedem a carne ou a linguiça que querem, colocam dentro de um pão, põe vinagrete ou chimichurri e saem pela rua comendo.
Barato e gostoso. Se a grana estiver curta ou não estiver com muita fome, é uma excelente opção.

- Choripan: os portenhos adoram e é ótimo pra quem tá com a grana curta -

– Choripan: os portenhos adoram e é ótimo pra quem tá com a grana curta –

- Vinagrete e Chimichurri para o Choripan -

– Vinagrete e Chimichurri para o Choripan –

Mesmo sendo bem simples, gostei mais que outras parrillas “melhores” que fui.

El Desnível (https://www.facebook.com/pages/El-Desnivel/179001880163?fref=ts)
Defensa, 855 – San Telmo – Buenos Aires – +54 11 4300-9081
Segunda, das 19h à 01h; terça a sexta, das 12h às 16h30 e das 19h à 01h; sábados e domingos, das 12h à 01h.

3. Parrilla Peña
Parrilla Peña - Fachada - Magali Viajante

Indicada por um argentino e frequentada quase que unicamente por argentinos, esta parrilla simples e tradicional fica no Centro, pertinho do metrô Callao.

- A parrilla -

– A parrilla –

O restaurante é enorme e o ambiente é bem simples. Sabe aqueles restaurantes antigões, com garçons mais velhos que trabalham na casa há mais tempo do que você tem de vida? É a Parrilla Peña.

- Ambiente, antigo e tradicionalíssimo -

– Ambiente, antigo e tradicionalíssimo –

Eles cobram cubierto, mas é o mais simpático que vi em Buenos Aires. Em todos os outros restaurantes, o couvert é composto apenas de pão (sem manteiga) e às vezes, um patêzinho. Aqui, além do pão, eles servem uma gostosa empanada de carne por pessoa. Gostei!

- Gostosa empanada de carne que faz parte do couvert -

– Gostosa empanada de carne que faz parte do couvert –

Pedimos uma provoleta de entrada, mas ficamos decepcionados quando vimos ela sendo finalizada no microondas. Vai só um pouquinho na parrilla e depois pra derreter, 30 segundos de radiação. Estava boa, mas comemos outras beeem melhores na cidade.

De carne, estávamos com fome e exageramos. Pedimos um assado de tira individual (guarde essa palavra) e uma tira de colita de cuadril, também individual. Deveríamos ter pedido só uma, porque mesmo dizendo ser individual, servia facilmente duas pessoas. A carne estava super saborosa, principalmente a colita de cuadril.

- Olha o tamanho deste asado -

– Olha o tamanho deste asado –

De acompanhamento, pedimos (adivinhem!) morrón e batata frita. Apesar das porções serem enormes, achamos bem descuidadas. Se for lá, foque somente na carne, peça o acompanhamento sem grandes expectativas.

- Morrón: porção enorme, mas descuidada -

– Morrón: porção enorme, mas descuidada –

Não pedimos sobremesa e logo depois eu vivi a lamentável experiência do picolé a R$ 12 (mas não lá, em um maxi kiosco).

Quanto custa: 550 pesos (R$ 144 no câmbio blue, cotação de R$ 3,8), com três refris (sim, aqui não fomos de vinho e nem de cerveja – dando um descanso para o fígado), dois cubiertos, uma entrada, duas carnes e dois acompanhamentos. Comparativamente, é o mais barato de todos, porque não precisa pedir entrada (a empanada do couvert é uma boa entrada) e dá pra pedir uma carne só.

Para quem é: Para aqueles que adoram falar que não vão em lugares turísticos e que gostam de se sentir como locais.
Não vá se: Tiver frescuras.

O que mais gostei de lá: Da empanada no couvert. Achei bem simpático. Ah! E de ver onde os argentinos comem.
O que não gostei muito: Acompanhamentos.

Parrilla Peña (http://www.parrillapenia.url.ph/)
Rodríguez Peña, 682 – Centro – Buenos Aires – +54 11 4371-5643
Segunda a sexta, das 12h às 16h e das 20h à 0h.

4. Miranda

A primeira parrilla que eu fui em Buenos Aires, também a mais cool e no bairro com mais restaurantes deste tipo da cidade. É uma boa parrilla, mas deixou a desejar em comparação com as outras que visitei.

Fica no miolo de Palermo Hollywood, bairro que bomba à noite, cheio de bares e restaurantes.
O ambiente é bonito, bem escuro, meio industrial, meio hipster, mas bacana.

- A parrilla, ainda vazia no começo da noite -

– A parrilla, ainda vazia no começo da noite –

No cardápio, bons vinhos a preços interessantes. Aqui vale a pena tomar um vinho ou talvez provar um coquetel da casa.

Foi a única parrilla que fomos que não cobra couvert. E serve bons pãezinhos quentes, com um patê que eu não consegui identificar do que era.

- O couvert do Miranda não é cobrado e tem pãezinhos gostosos -

– O couvert do Miranda não é cobrado e tem pãezinhos gostosos –

Pedimos uma entraña e aqui vai uma boa dica: a entraña argentina nada tem a ver com o que essa palavra significa em português. Não é nenhum tipo de tripa ou coisa assim. Entraña é uma carne que fica grudada nos ossos, perto do diafragma. A carne é macia e suculenta e vale a pena pedir.
A carne estava boa, mas não veio no ponto pedido. Boa, mas não ótima! Queria ter comido uma entraña melhor.

- Entraña: saborosa, mas no ponto incorreto -

– Entraña: saborosa, mas no ponto incorreto –

Os acompanhamentos: morrón e cebola na parrilla e batata doce glaceada. Precisamos falar sobre esses acompanhamentos. Se você já foi para o Uruguai e comeu isso lá (dá uma olhada nos posts sobre Uruguai), simplesmente não peça aqui. Eles são sem graça, sem gosto de nada. Na dúvida, vá nas famosas Papas fritas, que costumam não ter erro.
Miranda - Acompanhamentos - Magali Viajante

Mas apesar de tudo isso, tem uma razão para este restaurante estar recomendado aqui. Ele tem uma das sobremesas mais gostosas que comemos em Buenos Aires, e uma das que eu mais gostei de sempre, uma Torta de Banana com Doce de Leite.
Ela é bem grande, então é melhor dividir com o amiguinho, mas é deliciosa. Quase não tem massa, são só muitas camadas de banana e doce de leite bom. Tem coisa melhor que isso?
Juro que eu pensei em voltar lá várias vezes só para comer a sobremesa.

- Torta de Banana com Doce de Leite: a melhor coisa do Miranda -

– Torta de Banana com Doce de Leite: a melhor coisa do Miranda –

Quanto custa: 680 pesos (R$ 178, no câmbio blue a R$ 3,8) com uma garrafa de vinho, água, uma carne, dois acompanhamentos e sobremesa.

Para quem é: Pra quem gosta de restaurantes da moda e badalados.
Não vá se: Gosta de locais mais low profile, onde a comida é o que mais importa.

O que mais gostei de lá: Sobremesa, indiscutivelmente a melhor que comi em Buenos Aires.
O que não gostei muito: Acompanhamentos, o que está sendo comum…

Miranda (http://parrillamiranda.com/)
Costa Rica y Fitz Roy – Palermo Hollywood – Buenos Aires – +54 11 4771-4255
Domingo a quinta, das 9h à 01h; sextas e sábados, das 9h às 2h.

Ainda ficou um monte de parrillas portenhas na lista para conhecer. Quem sabe eu não volto em breve para poder falar aqui sobre as outras?
E você? Qual a sua parrilla preferida em Buenos Aires?


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